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Uma aventura nas escadas rolantes
04:13 // 0 comentários // Manuel da Gaita // Category: //Impressiona-me a maneira como os portugueses se comportam nas escadas ou passadeiras rolantes. Talvez isso seja revelador da nossa natureza.
No estrangeiro os tipos usam as escadas e passadeiras rolantes para se deslocarem mais depressa. Apesar da mecânica estar a funcionar, o pessoal continua a subir, a descer ou a caminhar para chegar de forma mais rápida ao destino. Os poucos que ficam parados colocam-se à direita de forma que os mais apressados os ultrapassem.
Cá em Portugal, a malta olha para as escadas ou passadeiras rolantes como forma de parar um bocadinho, tipo “se esta merda me leva até lá cima, porque é que eu vou caminhar?”. E as pessoas ficam paradas, à esquerda e à direita e se um cidadão pede “com licença” para ultrapassar porque está com pressa, o pessoal olha-o como se de um maluco se tratasse, porque as escadas-rolantes servem única e exclusivamente para o pessoal não se cansar.
Até somos um povo trabalhador, mas olhamos para as escadas-rolantes como quem olha para um sofá, para uma cama ou uma toalha estendida na praia. É proveitar que a vida é curta.
Bem pode estar afixado no início de uma escada-rolante que não são permitidos carrinhos de bebés ou de compras, porque tomamos isso como um desafio, uma forma de confrontar a autoridade, a nossa veia anárquica. O puto que está no carrinho de repente sofre uma inclinação de 45 graus, mas podemos considerar isso como um processo de iniciação à montanha-russa. Os carrinhos atulhados até cima vão largando as compras, a mulher que o segura de repente começa a descer as escadas para apanhar o que vai perdendo e atrapalhando quem vai atrás, e gera-se uma enorme confusão e insultos.
Bem pode estar afixado que não devemos colocar os pés junto ás bermas das escadas-rolantes, porque descobrimos logo uma excelente forma de limpar os sapatos.
Mas o momento mais divertido é o da chegada ao piso de destino. Normalmente as pessoas dão um salto tentando imitar o Nelson Évora e algumas, principalmente as senhoras com salto alto, dão um trambolhão. Outros também caem porque estão com o pensamento muito absorvido dado o relaxe que sentem nas escadas rolantes. Uma espécie de tratamento chinês sem agulhas.
Eu penso que as primeiras escadas-rolantes que existiram em Coimbra foram as do Centro Comercial Golden na Sá da Bandeira. Tamanha foi a novidade que grande parte do pessoal que assentava arraiais no café Nicola na Baixa, se transferiu imediatamente para a porta do novo empreendimento comercial.
Aquilo era giro porque vinham excursões das periferias de Coimbra, para andarem nas escadas-rolantes. Mesmo que as escadas normais ou os elevadores estivessem mais próximos, o pessoal preferia dar uma enorme volta, mudar de piso e utilizar as escadas-rolantes. Era uma forma de contacto com o que de melhor havia no resto da Europa e Estados Unidos.
Mas mesmo nessa altura já haviam os profissionais das escadas-rolantes, tipos que habitualmente iam a Espanha fazer compras no “El Corte Inglês” ou nas “Galerias Preciados”. O meu pai era tipicamente um tipo habituado a essas andanças, e na primeira vez que o resto da família se viu confrontada com tal invenção, o meu pai ministrou-nos um curso de cerca de um minuto, essencialmente advertindo-nos para os perigos da abordagem no final da chegada e na técnica do salto. Claro que a minha avó caiu revelando que o meu pai não era grande mestre. Podia ser um profissional de escadas-rolantes, mas pouco fadado para o ensino.
Descobrimos mundos e sempre fomos navegadores, mas escadas e passadeiras rolantes não são o nosso forte. Por isso prefiro essas coisas em Portugal: é muito mais divertido
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