Oportunidade de negócio
Nuno Gomes ou Clara de Sousa?
AS BOLAS DO NODY
São Avelino
Queremos um Simplex para Palermas
O meu filho
02:09 // 0 comentários // Manuel da Gaita // Category: //INTRODUÇÃO
Hoje venho-vos falar do meu “filho”.
Numa altura em que a minha filha veio viver comigo por circunstâncias da vida, por recomendação de algumas pessoas resolvi arranjar-lhe uma companhia, e nada melhor que um “irmão”. Não estando eu na altura casado, achei por bem que a melhor coisa era recorrer à adopção.
E assim foi! Eu e a minha mulher, na altura namorada, percorremos diversos lares e num deles, entre diversos manos irrequietos, resolvermos adoptar um “negrinho”, tão lindo quanto tímido com cerca de 2 meses de idade.
Tratada da papelada e com o negrinho no colo da minha namorada, resolvemos ir comprar o indispensável para o novo habitante lá de casa. Ele, tímido, tremia de medo, sentia-se perdido desconhecendo as intenções destas gentes que o tinham retirado do mundo dele.
Compramos uma cama, meia dúzia de brinquedos, produtos alimentares para cerca de dois meses e pouco mais.
A minha filha não se encontrava na altura em casa, e quando chegou, foi com desdém que olhou para o novo habitante:
- É um cão.
Efectivamente era um rafeiro pequenote todo preto, que se cagava e mijava a cada 3 minutos, e que com o passar dos dias se foi habituando a dormir em cima da minha barriga.
Desde muito cedo que se apercebeu da realidade familiar: eu era o pai, a minha namorada era a mãe e a minha filha era a irmã, entidade única com paridade de tratamento e a quem um cão que se digne, não tem respeito algum.
OS ÓDIOS
O tempo foi passando, e o sacana do cachorro desenvolveu um inexplicável ódio por gatos. Talvez seja intrínseco aos cães, talvez eles já nasçam com este ódio desenvolvido, mas o rancor do meu cão aos felinos é mesmo sério, considerando-se grande inimigo de todos os gatos que há no mundo. Tal ódio, é de tal forma famoso, que a história preferida do jardineiro de casa dos meus sogros na Figueira da Foz são as caçadas aos gatos do Sniky. O homem conta histórias fantásticas sobre as caçadas do Sniky, assim se chama o cão, pelo jardim da casa contra todos os malvados gatos.
E o homem conta de tal forma as histórias, que quem não souber que o Sniky é um cachorro com menos de meio metro de altura e 15 quilos de peso, pensará que haverá um Adamastor no jardim. “E o Sniky agarrou o gato pelo pescoço e estraçalhou-o todo. O gato conseguiu fugir mas não deve durar muito tempo” diz ele, verdadeiramente impressionado perante uma plateia constituída por mulheres-a-dias.
Basta dizer a palavra gato, para o pelo se eriçar, começar a rosnar e procurar por todos o lado, o seu grande inimigo. Claro está que ele é um bocado fanfarrão e tenho a impressão que nunca terá conseguido apanhar um gato. Aliás das poucas vezes que foi confrontado com os seus grandes inimigos, acabou por levar um “enxerto” de porrada.
De resto é grande amigo de outros cães, com excepção dos rottewieller. Entre todos os cães existentes no mundo, o sacana haveria de detestar os rottewiller. Preferia eu que detestasse caniches ou aqueles salsichas pequenitos. Mas não, detesta apenas cães que o conseguem abater em poucos segundos. Penso que esta será o principal risco de vida que o meu cachorro corre.
OS AMORES FATERNOS
Não há coisa melhor que chegar a casa e ter alguém que nos faz uma recepção como se eu tivesse acabado de chegar da guerra do Iraque e já não me visse há 3 anos. E é assim que é o meu cachorro. Ele reconhece o barulho do motor do meu carro e começa a uivar de forma inquieta até ao momento em que entro em casa. Nesse momento atira-se a mim, corre desvairadamente expressando um contentamento desmedido. O mesmo acontece quando alguém chega a casa seja a minha mulher, a minha filha, os meus sogros, os meus pais ou a senhora do Circulo dos Leitores. A alegria de rever velhas amizades é sempre semelhante, e tem a mesma dimensão que a sua grande inocência.
OS AMORES CARNAIS
Até há pouco tempo, o meu cachorro desenvolvia um grande amor carnal com um pato de peluche da minha filha. Era o seu namorado.
Nestas coisas sempre foi assumidamente bissexual activo e várias vezes tentou atraiçoar o pato. Quando o estou a passear e se por acaso se encontra com outro cão ou cadela, começa numa grande brincadeira, mas sempre a pensar em sexo. Se por acaso o outro cachorro ou cadela se encontra em posição mais desguarnecida, é certo e sabido que sacanita se tentará aproveitar dessa situação desfavorável.
Mas o pior são aqueles uivos de desgosto quando qualquer cadela na vizinhança está com o cio. É horrível, e nessas e já pensei em dar-lhe 50 Euros para ele se ir aliviar numa prostituta canina qualquer. Pode ser mesmo uma daquelas de beira de estrada.
PELA BOCA MORRE O CÃO
Se há pecado que o meu cachorro possua, para além de cobiçar a cadela alheia, é o pecado da gula. Muito sinceramente, já me dei a pensar e não consigo explicar como é que uma coisa com 15 quilos consegue comer tanto. Mas pensais vós que é comida de cachorro? Isso ele despreza, o que ele gosta mais é de um bom queijo da serra, um excelente presunto ou paio, doce de ovos. Gostasse ele de vinho, e seria um excelente parceiro destas longas noites da vida. Pois se eu estou com um colesterol elevadíssimo, imaginem como estará o do cão.
È muito obediente, mas passa-se completamente com patê. Essa argamaça de fígado retira-lhe toda a capacidade obediência. Por um pouco de patê faz ousadias que seria incapaz de praticar noutras circunstâncias. Retirando o facto de ser um cachorro de bom gosto, a gula será o seu pecado mortal.
QUANDO FOI EXPULSO DE CASA
Uma vez, numa daquelas alturas em que faz tudo errado, resolvi pregar-lhe uma partida. Assim , depois de um rol de asneiras capaz de tirar a paciência a qualquer dono, abri a porta do apartamento e disse-lhe: “Sniky, lá para para, já!”. O animal apercebeu-se que estava a ser expulso de casa, olhou para mim com o ar mais triste do mundo, meteu o rabo entre as pernas, e tentou dirigir-se à sua cama. Insisti, e com esse mesmo ar triste olhou para mim como quem diz “Ó pá, este também é o meu lar, não expulses de minha casa que eu a partir de agora vou-me portar sempre bem”. Nesse momento, arrependi-me da partida que lhe tinha feito, fiz-lhe uma festa e ele voltou à alegria.
AS COISAS ESTRANHAS DO MEU CÃO
Pode parecer estranho, mas o meu cão uiva com grande infelicidade quando uma camioneta da Family Frost começa a apitar aquela música horrível junto à porta do apartamento. Nunca entendi este desprezo pela iniciativa provada.
Outra coisa que eu gosto nele, é o facto de “cagar” apenas em locais com ervas. Na sua condição de bissexual gosta de “obrar” com umas ervas a fazerem-lhe cócegas no ânus. Isso dá imenso jeito, principalmente a quem como eu, detesta ver dejectos caninos nos passeios.
AS HABILIDADES
Um amigo, comentava há uns dias que o cão dele era muito habilidoso, vai buscar o telemóvel quando está a tocar, traz os chinelos quando lhe pedem, etc. Nesse aspecto o meu cão é completamente inútil. Apenas obedece ás ordens de “sentado”, “Quieto” e pouco mais. Dá a pata a pedido quando lhe convém, ou seja, antes de ir à rua e quando acha que com a habilidade, vai ter direito a um petisco.
Gabriel Garcia Marquez, no seu livro “12 Contos Peregrinos” contava uma história de imensa solidão. Uma idosa sozinha e sem ninguém na família viva com um cão. Todos os dias, ambos iam apanhar flores, e de seguida ela colocava as flores na boca do cão, que as agarrava suavemente, e dirigiam-se a determinada campa de um cemitério. A campa era o seu futuro local de repouso eterno, e a idosa apenas estava a ensinar o cão, para quando ela morresse, houvesse todos os dias flores junto ao seu corpo.
Não. Pelas probabilidades da vida, o meu cachorro vai provavelmente vai morrer antes de mim, e vou ter saudades dele, afinal já faz parte da família.
CONCLUSÃO
Um cão é um cão, uma pessoa é uma pessoa, e não há que misturar as coisas. Não sou daqueles que dizem “quanto mais conheço as pessoas, mais gosto do meu cão”. O autor desta frase, de certeza que andava em companhias erradas. Por mais afectos que se tenha a um cão, acho estranho que a relação de afectividade de um dono para com um cão ultrapasse todas as noções básicas e de bom senso.
Antes de ser dono de um cachorro, a realidade e amizade canina era uma coisa que passava completamente ao lado. No entanto, este Sniky faz hoje em dia parte do meu dia a dia.
Related posts :
0 comentários for this post
Leave a reply
Frases que estão muito mais à frente que o Acordo Ortográfico
"Temos é que estar preocupados com nós"
Deco, jogador de futebol
Deco, jogador de futebol
Frases que mudaram a forma de ver o mundo
"Temos que respeitar quem gosta de soprar"
Cristiano Ronaldo referindo-se aos tocadores de vuvuzelas nos estádios de futebol
Cristiano Ronaldo referindo-se aos tocadores de vuvuzelas nos estádios de futebol
Pensamento
Por hora, morrem em Portugal 12 pessoas, são abatidas 51 vacas, 676 porcos e 23.640 frangos. Tudo isto numa hora.
Fonte: INE
Fonte: INE
Followers
Arquivo do blogue
-
▼
2010
(60)
-
▼
abril
(52)
- Uma questão de nomenclatura
- Aguiar Vermelho
- Liberdade
- O inverso do número de Neper e a Teoria do Caos
- Fatias de Cá
- Urbanismos
- Grupo de Teatro "Fatias de Cá"
- Há algum mal em um gajo ser manso?
- Vende-se, como nova
- Vamos alugar o Santo
- A culpa do vulcão é do Sócrates
- Blogue solidário
- Esta era para mais tarde recordar
- Cenas do Trabalho em Portugal
- Desproporções
- Sobre a inveja
- Medicina do Trabalho
- Pecisamos de herois
- A geração dos nossos pais
- Não nos obriguem a vir para a rua gritar
- Uma aventura nas escadas rolantes
- Dia Mundial do Beijo
- Haverá tolerância de ponto caso o Benfica ganhe o ...
- Prémio para a organização mais palerma do mundo em...
- Colcha Anti-visita do Papa à venda neste blogue
- Para chatear, vamos todos trabalhar durante a visi...
- Uma das vantagens do aquecimento global
- Pergunta
- talvez tenha que ser mesmo assim
- Vamos formar um Partido
- Os estudos estatisticos que comparam Portugal e Es...
- O funeral da minha avó
- Porque é que a Dica da Semana é melhor que o jorna...
- O meu filho
- Mexia no meu bolso
- Politicos e Actores (separados à nascença)
- O elogio da preguiça
- O caso do Padre fanhoso
- Uma ajuda á industria do calçado portuguesa
- Quem tem medo do proteccionismo?
- As offshores
- “Upssss… I bought a country”
- A sopa de Cavalo Cansado como factor de dinamizaçã...
- O senhor do Circulo dos Leitores
- Portugueses de Primeira e Portugueses de Segunda
- Ser optimista em relação aos portugueses
- O meu conceito de Nacionalismo
- Mais estrangeiros em Portugal para resolver a cris...
- Acordo Ortográfico
- Submarinos e Palermas Vitalícios
- O que eu acho acerca disto
- O regresso
-
▼
abril
(52)
Foto bem palerma
- 2008 - 2009 SimplexDesign. Content in my blog is licensed under a Creative Commons License.
- SimplexPro template designed by Simplex Design.
- Powered by Blogger.com.