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Medicina do Trabalho
04:42 // 6 comentários // Manuel da Gaita // Category: //Há coisa de uns anos, um Governo qualquer, que já não me lembro qual nem a cor partidária, introduziu como obrigatória a Medicina do Trabalho nas empresas privadas. Claro está, com custos para as empresas apesar da saúde em Portugal, ou a falta dela, ser responsabilidade do Estado o seu tratamento. Cada vez menos é certo, mas ainda o Estado possui alguma responsabilidade nesta matéria.
Os funcionários públicos porque são muito saudáveis, estão isentos de Medicina do Trabalho. É certo que existem professores obrigados a darem aulas com cancro nas cordas vocais, mas quanto ao resto do corpinho, são muito saudáveis. Portanto, o Estado obriga os privados a praticarem regras a que se isenta, e tão importantes são essas regras, que caso os privados incorram em falta, sofrem pesadas sanções pecuniárias.
Logicamente, surgiram no mercado centenas de empresas especializadas em Medicina do Trabalho sem qualquer tipo de licenciamento, alvará ou reconhecimento. Acho que finalmente, agora, alguém está a pôr ordem no sector, a licenciar, a diminuir o número de empresas, e proporcionalmente a concorrência, e inversamente proporcional o preço.
Nada me move contra estas empresas, pelo contrário, acho muito bem que tenha tido a perspicácia de desenvolverem um negócio no momento certo.
Há uns anos aquilo funcionava assim: convocavam metade da empresa para estar nas instalações médicas privadas de forma a realizarem o exame. Era uma alegria para todos porque se perdia toda a manhã, urinava-se para uns frasquinhos, efectuavam-se meia dúzia de testes, e pronto, estava a “coisa” feita e era uma espécie de alegria no trabalho.
Mas tudo evolui e para poupar tempo aos clientes, as empresas de medicina do trabalho têm umas auto-caravanas que vão a qualquer lado, inclusivamente à porta da empresa. Convocam metade do pessoal para lá estar às 16.00h da tarde, aparecem às 16.30h, entre ligar a aparelhagem e distribuírem uns frasquinhos para onde um gajo mija, são 17.00h e a alegria no trabalho está de novo instalada.
Um gajo entra na auto-caravana, entrega o frasco de mijo a um tipo porreiro que nos manda tirar a camisa e nos deitarmos numa maca, o que começa a parecer que a relação tende para algo que não estamos preparados, coloca umas ventosas ligadas a uma máquina no nosso corpo, observa os resultados num ecrã e diz-nos com pesar que temos colesterol elevado, como se não soubéssemos disso há anos. Se lhe perguntarmos se o nível de colesterol aumentou ou diminuiu em relação ao ano passado, o tipo não sabe responder. Mas a malta está ali para se despachar e também não quer grandes respostas.
Perguntam-nos a função na empresa, o nível de escolaridade, e que idade temos. Claro que, se tivessem a ficha referente ao ano anterior, escusavam-me de perguntar a idade e fazerem figura de pertencerem a uma organização incompetente, que quando analisa um gajo, não faz ideia do seu passado embora já o tenha observado.
A auto-caravana está dividida em duas salas. Depois de enfrentarmos o tipo, passamos para a ala da doutora espanhola. A médica pergunta-nos se fumamos, se bebemos, ausculta-nos, e depois recomenda que fumemos e bebamos menos. Despedimo-nos com uma “bacalhausada” e o dia continua.
Se eu for telefonista de uma empresa e completamente surdo, a médica em questão não tem autonomia para dizer que eu não estou qualificado para essa função. Não pode impedir que um tipo sem pernas seja o distribuidor oficial de mercadorias de uma empresa. Claro que a maior estupidez seria da empresa, mas a médica não pode actuar e corrigir, mesmo que isso fosse o melhor para a empresa e para o trabalhador. Não mede capacidades motoras e cognitivas para as funções que cada trabalhador desempenha.
A médica em questão não pode receitar o que quer que seja, não pode dar baixa, nem pode intervir, caso a entidade patronal ache que existe na empresa uma baixa fraudulenta. Nada.
Não fazem mais nada que um “Médico de Família” não o possa fazer. E a culpa nem é da empresa de Medicina do Trabalho nem da médica, é do sistema.
Este post é provocado por causa de um amigo que tem uma empresa de Medicina do Trabalho e fica sempre indignado comigo quando eu digo que nos moldes actuais, a Medicina do Trabalho não serve para nada, e que a haver, quem deveria pagar seria o Ministério da Saúde. Claro que ele argumenta, esperneia, mas normalmente remato com esta questão: se é tão importante, porque é que o Estado não aplica a Medicina do Trabalho nos funcionários Públicos? Ele ainda não arranjou resposta.
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Anónimo
8 de maio de 2013 às 09:35
Meu caro Sr.Estou pasmado com o que acabo de ler. Não sei se escreveu este texto hoje ou noutra data, mas tenho a certeza absoluta que o Sr. deve a melhor pessoa em Portugal a dizer mal dos outros. Permita-me dizer-lhe - e é apenas uma opinião - que faz do grupo de pessoas capazes de mudar a mentalidade e levar o nosso país para a frente. Já agora, as ventosas que lhe colocaram não tem nada a ver com o colesterol. E se um dia tiver uma doença profissional e precisar de um relatório médico, por uma questão de coerência não o vá pedir à médica espanhola, mostre que é homem de palavra. Assino: Helder Fernandes, 2013/05/08.
Anónimo
1 de novembro de 2013 às 05:24
isto é a realidade!
Anónimo
24 de março de 2015 às 08:24
A MEDICINA do TRABALHO é a mais uma forma de arranjar uns cobres para mais alguns. O interesse na saúde do trabalhador é zero e assim vamos vivendo e fazendo figura de palermóides como o sistema manda.Além disso a sáude é algo mais amplo. Não se adoece apenas fisicamente . Uma boa percentagem da população está psicologicamente afetada devido inúmeros problemas surgidos pós crise e não só. O que se faz em relação a isso?? Caricato quando numa consulta de MT fazemos uma pergunta mais específica e somos despachados em grande velocidade porq o senhor da bata branca tem mais uns otários para despachar... Parecemos uns carneiros numerados á espera que nos coloquem o sêlo de "APTO". MT uma ova...
Anónimo
15 de junho de 2015 às 05:42
Medicina do trabalho ... ahahah .... Medicina .... Claro que é um tacho sempre foi sempre será ... pessoalmente tive um problema de saude ... a médica de medicina do trabalho disse que tinha de fazer dieta ... afinal (descobri mais tarde) tinha um cancro (ja nao tenho apos tratamento) e estava a fazer retenção de liquidos. Não analisam nada ... posso ter uma doenca infecto contagiosa e para a medicina do trabalho estou apto. Mas pronto é Portugal ... o pais das disagualdades onde ninguem se mexe enquanto não lhes toca a eles, e mesmo assim duvido que alguem o faça
Anónimo
3 de dezembro de 2015 às 16:17
Peço desculpa mas discordo do que escrevem, o problema não é da Medicina do Trabalho mas sim de algumas empresas que a praticam e também da DGS. A DGS não regula o tipo de exames que se deviam fazer, então basta picar o dedo e falar com um(a) medico(a), ou às vezes com uma pessoa com bata branca que médico é que ele não é...
Culpa também é do empregador que escolhe o serviço mais barato ou seja um exame de Medicina por 5€...
Anónimo
7 de março de 2016 às 06:46
Só gostava de referir que "o tipo", certamente é um senhor enfermeiro, que lhe merece todo o respeito.