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O meu conceito de Nacionalismo
01:44 // 0 comentários // Manuel da Gaita // Category: //Ora bem. Vamos lá falar de um tema do qual eu não percebo nada: o nacionalismo! Normalmente o nacionalismo está mais ou menos associado a uns tipos armados em alemães, que são violentos e cantam mal e porcamente o hino nacional. São carecas por opção, ao contrário do meu destino, usam suspensórios a segurar calças de ganga andam de botas pretas de cano alto, esteja sol ou chuva, calor ou frio. Detesto estereótipos. Para além disso, detestam pretos, como se não houvessem nacionais pretos e até alguns ciganos que são portugueses em dobro, porque no registo civil inscreveram os tipos duas vezes quando nascem: umas vezes pelo sim e outras vezes pelo não.
Nada tenho contra o nacionalismo. Com o devido peso, conta e medida ajuda-me a acreditar neste país, naquilo que ele produz, no meu vizinho, no futuro, na possibilidade de evolução social, e numa quantidade de coisas mais que de repente não me lembro. Frases como “o que é nacional é bom”, “compre português” ou “portuguese boys good lovers” remetem-nos para um imaginário de que apenas porque nascemos num local, somos melhores que os outros, como se a longitude e a latitude fossem selectivas. De vez em quando há zonas geográficas mais desgraçadas que outras, mas isso não foi uma questão de pontaria, apenas uma questão de sorte, de azar e circunstâncias.
Acabamos todos por sermos um bocado nacionalistas, quanto mais não seja, quando desejamos que a selecção nacional, qualquer que ela seja, dê uma coça nos espanhóis, ingleses, italianos ou brasileiros. Somos nacionalistas quando em piadas de gosto duvidoso nos arrogamos de sermos campeões mundiais de prática sexual, em género, intensidade e qualidade. Somos nacionalistas quando um romeno nos pede uma esmola ou nos assalta a casa, mas muito pouco nacionalistas quando um estrangeiro nos dá dinheiro a ganhar. Para esses, somos parceiros de negócios e a favor da globalidade. Se a ucraniana é muito boa, também achamos que nada obsta a que ela cá continue a residir, se houver amigas boazonas como ela também serão bem-vindas.
Orgulho-me muito de alguns feitos da minha Pátria, da nossa história e de alguns portugueses. É um bocado como o orgulho nos pais, nos avós e nos filhos. Fico todo contente quando encontro um português no estrangeiro porque podemos falar de assuntos em comum e não temos que fazer o esforço de falar em inglês ou francês para garantirmos aos interlocutores que Portugal não fica em África ou que a nossa capital não é Barcelona. E para os impressionar, até digo que em Portugal já nasceram dois prémios Nobel, aos colombianos afirmo que neva no meu país e aos finlandeses que este rectângulo é um paraíso tropical. No fundo, gosto de fazer pirraça aos estrangeiros e fazê-los acreditar que somos uns privilegiados, os eleitos de um Deus pagão que conseguiu colocar num território minúsculo, 10 milhões de pessoas insatisfeitas.
Somos uns cromos do caraças. Acho estranho o comentário de uma menina “muito bem” e de certeza de boas famílias que encontrei no Quénia num safari fotográfico e que com ar de enfado comentou para uma sua amiga que “isto está cheio de portugueses”. Eu sei que é chato, tanto mais que nos corre nas veias o sangue dos descobridores, mas penso que a menina “muito bem” deveria achar que seria a primeira portuguesa a participar um safari fotográfico no Quénia, ou pelo menos desejava tal coisa. O que um gajo faz nestas ocasiões? Entre dentes cerrados exclama “puta de merda”.
Não nos fica nada mal o nacionalismo desde que não arroguemos que isso é a salvação da pátria. Tanto mais que não me recordo de nenhum regime nacionalista de sucesso. Vocês conhecem algum? Bom, admito, talvez a Coreia do Norte seja um regime nacionalista de sucesso, já que de comunista tem muito pouco. E bem podem ser nacionalistas porque os estrangeiros estão muito mais interessados noutras paragens.
Apesar de gostar de ser português, para mim, a nacionalidade não é uma qualidade, apenas uma característica. Sou português da mesma maneira que sou canhoto, de raça branca e também sou meio surdo, uma característica que de vez em quando se transforma numa qualidade.
Da mesma forma que aplaudo a selecção nacional sempre que joga com uma adversária, também num jogo entre canhotos e destros vibraria com as qualidades técnicas dos primeiros. Nada mais que isso. Apenas isso. Ok, admito que talvez mais do que isso.
Aceito que para alguns o nacionalismo seja mais do que isso, e não me choca nada quem pense contrariamente a mim desde que alguns requisitos de argumentação estejam salvaguardados e que nem sequer preciso de os enunciar.
Se não somos racistas ou xenófobos então o que é o nacionalismo? Talvez seja “Portugal para os portugueses”. E aqui a questão é muito complexa. Já disse aqui neste blog que se os estrangeiros saíssem de Portugal muita gente ficaria por servir nas mesas dos restaurantes, e também que as fronteiras são definidas pelo homem, que um dia achou que do outro lado da linha estava gente diferente, que não merecia uma outra oportunidade no outro lado da fronteira mesmos que fosse o mais incansável dos trabalhadores e o mais genial dos génios. Se isto é nacionalismo, então eu não sou nacionalista. Lamento, mas não sou.
Talvez o conceito esteja deturpado. Talvez o nacionalismo não seja nada disso que eu estou para aqui a escrever. Mas afinal o que é nacionalismo?
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