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Oportunidade de negócio
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Nuno Gomes ou Clara de Sousa?
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Fizemos a mistura de ambos
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A cada palerma, o seu magalhães
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“Chapéus há muitos, seu palerma” por apenas 3,48€
Uma questão de nomenclatura 0
08:49Os Primeiros-ministros bem como todas as pessoas importantes, não mentem, apenas faltam à verdade. Os mentirosos somos nós, pobres anónimos. Isto faz-me lembrar o tipo que dizia que “O filho do Zé é paneleiro porque não tem categoria para ser homossexual”.
Eu não sei se o primeiro-ministro mente ou não, se foge á verdade ou não, se diz “inverdades” ou não. Apenas se trata de uma questão de nomenclatura que distingue os poderosos e importantes dos restantes mortais.
Imaginem as duas seguintes notícias nos jornais: “homem de 25 anos atropelado sem gravidade” ou “jovem de 25 anos atropelado sem gravidade”. Qual dos dois é filho de alguém conhecido? Talvez o homem seja pedreiro e o jovem seja estudante.
Fiquei muito contente por saber que a malta de direita, onde me incluo, já pode citar Lenine, Rosa Luxemburgo e outros grandes socialistas como Augusto Santos Silva. Verifico também com agrado que finalmente as referências da Liberdade não são propriedade da esquerda.
Aguiar Branco deu o pontapé de saída, abriu a caixa de Pandora e agora a Social-democracia virou uma nova página. Para quem não sabe, Rosa Luxemburgo antes de transformar numa revolucionária de sucesso, era social-democrata, e temo, que por este caminho, Aguiar Branco se transforme em grande camarada de Garcia Pereira. Depois das contratações de Durão Barroso, Pacheco Pereira, Zita Seabra e envergonhadamente de Pina Moura, era o que faltava agora o jovial ex-ministro da Justiça orientar-se à esquerda.
Eu não comemoro a Liberdade. Da mesma forma não comemoro a água, o ar, a alimentação, a educação. Não comemoro a liberdade porque a liberdade é um direito absoluto a qualquer ser humano, é algo que deveria estar impregnado no cidadão, é respirar, é beber e comer, é ler e escrever, é pensar e não termos medo de expressar o que pensamos.
Não estou agradecido por viver em Liberdade porque esse é um direito que me assiste, alienável, que deve estar sempre presente.
Infelizmente, nem todos os seres humanos têm a sorte que eu tenho, muitos são singelamente aniquilados, piedosamente presos, reconfortantemente reeducados por ousarem pensar de forma livre.
Liberdade não é de direita nem de esquerda, não tem ideologia, nem tem proprietários muito embora tenha heróis.
A liberdade não me dá desenvolvimento nem atraso económico, não me dá educação ou ignorância, dá-me apenas liberdade e com essa liberdade posso evoluir. Por isso acho muito estranho que algumas pessoas achem um fracasso o 25 de Abril.
A foto tirei-a em Madrid em 2009
Fiquei a saber pela minha sogra que o “inverso do número do Neper” explica em grande parte a Teoria do Caos.
Não tendo este post carácter cientifico, tanto mais que não sou cientista como a minha sogra, digamos para leigos como a malta que a partir que determinada infra-estrutura ou comunidade esteja paralisada a 1/3, gera-se o caos.
Exemplo disso é o que aconteceu com a não deslocações de aviões em virtude da erupção de um vulcão. Não foi só o caos que se gerou por milhões de pessoas ficarem em terra: foram hotéis lotados, cartões de crédito que atingiram o limite, meios de transporte alternativos super lotados, etc. Já agora um reparo para o mau serviço da embaixada portuguesa em Londres que em tempo de caos resolveu não atender os telefonemas dos aflitos.
Imaginem o que seria a vossa cidade com 1/3 das ruas em obras! Seria um caos, não era? Demora na circulação, concentração de veículos nas ruas em que se podia circular.
Imaginem o que seria 1/3 da população portuguesa adoecer. Faltas ao emprego, serviços que deixariam de funcionar, hospitais e centros de saúde caóticos, médicos e enfermeiros também doentes.
Pois, parece que não é necessário muito para que a teoria do caos aconteça.
Devo dizer que sou um fã dos “Fatias de Cá”, um grupo de teatro de Tomar mas já com ramificações em todo o país.
Este ano já vi a Tamara de Lempicka no palácio Sottomayor na Figueira da Foz e no último Domingo aproveitei para ir a Tomar ver o “O nome da Rosa” no Convento de Cristo. Já lá devia ter ido há anos atrás mas as circunstâncias e a preguiça não me permitiram.
Claro que o grupo é essencialmente amador e não esperem ver grandes representações, mas o conceito é muito engraçado, tanto mais que sou pessoa cujo passatempo é comer e beber, e os cenários são sempre espectaculares.
Não sou grande conselheiro, mas neste caso vou abrir uma excepção: Aproveitem os espectáculos dos Fatias de Cá, vão dar por bem empregues o dinheiro e o tempo que investiram.
Ao contrário do Mundo Novo, as cidades na Europa surgiram de forma natural: de um pequeno aglomerado populacional de sucesso, construía-se a perifericamente a partir de um ponto central. Eventualmente, o ponto central podia ser desviado em função da construção de uma infra-estrutura.
Claro que existem excepções a esta regra: vilas e cidades que se desenvolveram a partir de um dinamismo do Governo Central, de interesses estratégicos militares, etc. Mas a regra não é essa, e ainda hoje se nota em pequenos pormenores: Já reparam que os aglomerados urbanos principais se localizam sempre a norte de um ria quando este separa uma zona populacional? Vejamos: Porto e Gaia, Lisboa e Almada, a margem sul e norte da cidade de Coimbra, da Figueira da Foz, etc. Eu penso que tal fenómeno se justifica tendo em conta a expansão lusitana, que os rios serviam de fronteira até ao próximo rio mais a Sul.
Até há pouco mais de 30 anos, o centro geográfico da cidade era o centro económico e demográfico desse mesmo aglomerado urbano, mas entretanto, essa preponderância do centro geográfico perdeu protagonismo. Hoje vemos cidades com centros históricos abandonados, sem comércio ou serviços, sem população a não serem velhos e com altos índices de pequena criminalidade. Hoje em dia não é seguro circular a pé no centro de uma cidade portuguesa.
Quais são os argumentos para tal mudança? Penso que essencialmente vivia-se num período em que se pensava que cada mulher portuguesa continuaria a assegurar o nascimento de quatro ou cinco filhos e que valeria a pena continuar a construir prédios e habitações por mais remotas que fossem do centro urbano. Depois, era muito mais fácil e barato construir nas periferias: Não existiam barreiras arquitectónicas, proibições e podia-se construir em altura. A pouco e pouco, as zonas periféricas ofereciam mais qualidade de vida do que as zonas centrais e começou a existir uma dinâmica de movimentação para zonas ligeiramente mais periféricas.
Para ajudar à festa, as autarquias cobram muito mais taxas e impostos com fogos novos do que pela reconstrução e requalificação dos antigos. Creio que todos estão a perceber o esquema! Para quem não percebeu, eu vou explicar: é claro que as autarquias têm muito mais interesse económico em que se construa novo, em novas zonas loteadas, muito mais interesse do que dar licença de reconstrução a uma merda de uma casa que está a cair de podre no centro da cidade.
Dado que a população não aumentou, registou-se apenas uma notória transferência de população do centro para as periferias, resultando declínio populacional dos centros históricos. À primeira vista parece que “nada se perde, nada se ganha, tudo se tranforma”, mas no que respeita ao urbanismo, a lei de Lavoisier não se aplica: para além de danos irreparáveis no património histórico e arquitectónico com esta mudança, a médio prazo a mudança da centralidade de uma cidade acarreta desafios financeiros e económicos de vulto: Se haviam 3 escolas primárias no centro da cidade, vão ter que se construir mais duas escolas na periferia. E quem diz escolas, diz centros de saúde e outros serviços de apoio ao cidadão. Na verdade, o Estado vê-se obrigado a investir o dobro ou o triplo para satisfazer as necessidades de outrora. Nunca tinham pensado nisso? Sempre que há um novo bairro há necessidade de uma nova escola, sem que a população no aglomerado urbano aumente. E é assim!
Soluções? Não existem muitas soluções, pelo menos eu não me estou a lembrar de nenhuma! O pessoal das “Baixas” das cidades pagam rendas tão pequenas que nem dá para os senhorios pagarem os impostos dessas mesmas casas, quanto mais obras. Isso é que era bom. Os comerciantes da zona da Baixa ocupam os andares dos prédios com caixotes vazios à espera de melhores dias. As autarquias, solidários com o pequeno comerciante e com a Baixa promove umas acções de rua que se limitam a iluminações de Natal e uns palhacinhos em cima de umas andas, como se fosse isso o suficiente para atrair multidões.
Essencialmente, os centros históricos precisam de gente, precisam de gente a circular e a viver. Será que é preciso fazer um desenho?
Este ano já vi a Tamara de Lempicka no palácio Sottomayor na Figueira da Foz e no último Domingo aproveitei para ir a Tomar ver o “O nome da Rosa” no Convento de Cristo. Já lá devia ter ido há anos atrás mas as circunstâncias e a preguiça não me permitiram.
Claro que o grupo é essencialmente amador e não esperem ver grandes representações, mas o conceito é muito engraçado, tanto mais que sou pessoa cujo passatempo é comer e beber, e os cenários são sempre espectaculares.
Não sou grande conselheiro, mas neste caso vou abrir uma excepção: Aproveitem os espectáculos dos Fatias de Cá, vão dar por bem empregues o dinheiro e o tempo que investiram.
A não ser que o assunto seja muito engraçado, não gosto muito de me pronunciar em cima do acontecimento. Isto vem a propósito do “Manso é a tua tia, pá”. Folclore à parte, foi mais um acto trauliteiro dos nossos governantes, actos que já nos perseguem há coisa de cinco anos. Sinceramente, e posso estar completamente errado, mas episódios como de ministros a fazerem corninhos à oposição, Augustos Santos Silvas a insultarem, inclusivamente os seus camaradas, é moda nova.
No entanto, as tias de Louçã devem estar muito chateadas. Qual é a tia que gosta de ser apelidada de “Manso” na Assembleia da República e ainda para mais pelo Primeiro-ministro?
Para além do erro de concordância, há aqui uma insinuação grave dando a crer que o facto de alguém ser manso é menor que o outro talvez mais dado para a porrada, que tem falta de carácter, que não sai da cepa torta. Talvez um manso Abel como contraponto a um trauliteiro Caim.
Eu não vejo mal nenhum em alguém ser manso, cujo significado é muito diferente de estar domesticado. Afinal o que é alguém manso? É alguém que respeita os outros, acata as suas opiniões e até obedece a ordens por mais parvas que elas sejam. Nunca ninguém fez isso?
Talvez a malta não se revolte contra o desdém e insensibilidade da classe dirigente. Seremos mansos por causa disso? Resignados talvez, mansos também, mas esperançosos.
Preparem-se para a revolução dos mansos. Como somos tantos, de certeza que vamos vencer. Podemos ser mansos mas não somos parvos.
No dia 19 de Outubro de 1921 a camioneta da foto andou a limpar cadáveres na cidade de Lisboa. Alguns dizem que ela transportou o "final da Primeira República".
Hoje, quase 90 anos após esta tragédia, estamos a vender a camioneta fantasma a preço de saldo porque a crise chega a todos.
Se não fossem os condutores desta camioneta, provavelmente não teriamos tido tantos anos de fachismo.
Vende-se a camioneta a bom preço.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrhVfUC0CkR31KhR7Wx0f0IbmMG42e20JypqpgdzGOqc-Sqv9-HuXoEvH0haks_YPJXyGPei5BFr4_ebdit0fz5z5kBFCHINR9lmimJ0LTLyWoOIplsGnzgOGp039bWAwqahZgKsSvA_k/s320/santoantonio.jpg)
Claro está que para a aliviar a pressão fiscal e financeira sobre as famílias e as Pequenas e Médias Empresas, podíamos vender o Santo da mesma forma que vendemos a EDP, a GALP e tantos outros anéis.
No entanto, alguém me disse, e parece-me que não é uma ideia tola, que devíamos alugar o Santo em função das necessidades dos interessados. O Santo alugado à hora bem que poderia ser rentável.
O raio do vulcão chama-se “Eyjafjallajökull”. Como é que isto se lê? Bom, não faço a mínima ideia!
Nos dois últimos anos a Islândia têm-nos surpreendido com grandes novidades: primeiro foi com a falência técnica e agora com um vulcão muito jeitoso. Já não ouvíamos falar tanto da Islândia como nos tempos da Björk.
Agora com o vulcão, a Islândia volta a incomodar a restante Europa e não há bombeiro que ponha ponto final a isto. Milhares de voos foram cancelados em toda Europa, alguns ingleses vão passar mais 4 dias de férias no Algarve, mas a indignação é sempre mais que muita.
Estive a ver uma reportagem no Aeroporto de Faro e havia gente muito revoltada colocando a culpa dos aviões não levantarem voo na má vontade nas companhias aéreas e no pessoal que gere os aeroportos.
Faz-me lembrar o motorista de um TIR, que quando nevou no IP4, reclamou à RTP argumentando que em Portugal não se faz prevenção porque os camiões limpa-neves sé aparecem depois da neve cair.
Levado ao extremo, estou convencido que para milhares de cidadãos, a erupção do vulcão na Islândia é culpa do Sócrates. Na verdade, são os mesmos que justificam quando a culpa é do Sócrates, que errar é humano.
Portanto, temos aqui um caso bicudo: se por um lado precisamos sempre de um culpado que tenha a forma humana, por outro, estamos dispostos a perdoar.
Começa aqui uma grande campanha de solidariedade com o nosso amigo Paulo.
Paulo era um jovem magro e esbelto mas derivado da acção do tempo, talvez de também do abusos de presuntos e sapateiras, Paulo está a perder a linha e precisa da nossa ajuda.
A trabalhar na Bélgica, Paulo começa a ter algumas dificuldades em se sentar em apenas uma cadeira do avião que o transposta do local do trabalho para o convivio com os seus.
Ajuda o Paulo: Vamos-lhe oferecer uma banda gástrica. Com a solidariedade de todos vamos conseguir.
Obrigado pelas vossas contribuições.
"De como se prova que a concorrência está na razão inversa dos preços, ou que o número de tolos é infinito..."
Retirado de uma Ilustração Portuguesa de 1921.
Hoje vou fazer um Post à Pacheco Pereira, o primeiro de muitos que se dedicarão às novas profissões da sociedade portuguesa, muitas delas não remuneradas, mas mesmo assim com muito mérito.
Vamos falar do “Treinador de Bancada”, não aquele espectador que nos jogos manda uns palpites, mas sim, aquele que para além disso assiste aos treinos da sua equipa mesmo que para isso tenha que faltar ao seu emprego principal.
Creio que por este Portugal fora existirão milhares de “Treinadores de Bancada”, pelo menos eu conheço uns sete ou oito. Gente que ama o seu clube acima de tudo, e que está disposto a dizer ao patrão que está com uma dor de barriga para puder assistir aos treinos.
Sem formação específica, o Treinador de Bancada baseia a sua táctica no empirismo, no palpite e na fé, pena que os seus conselhos gritados da bancada não sejam seguidos pelo treinador principal da equipa, pior ainda, são acusados de que só estão a estorvar o treino, mas no fim, é sempre o Treinador de Bancada que tem razão.
Penso que se o Governo considerar o “Treinador de Bancada” como um trabalhador não remunerado e em formação, poderá diminuir o número de desempregados em Portugal.
Ficamos há uns dias a saber que Portugal piorou o seu índice no que se refere à distribuição de rendimento, ou seja, existem cada vez mais pobres e cada vez mais ricos. Penso que nos países que foram comparados, só o México e a Turquia possuíam uma distribuição da riqueza pior que a nossa.
Isto da má distribuição da riqueza, para além de ser um assunto económico e que afecta cada vez mais famílias em Portugal, é também um assunto político. Ora bem, como não existe nenhum partido que defenda as assimetrias no que respeita à distribuição do rendimento, concluo então que se trata de mais um fracasso do Governo Socialista.
O Governo que foi tão ligeiro a salvaguardar as posições dos banqueiros portugueses, dos seus interesses e do seu status, pouco tem feito pela classe média, e o aumento do fosso entre os ricos e os pobres é a aniquilação da classe média portuguesa, o verdadeiro motor das sociedades e da economia.
Pelo contrário, cada vez mais entram mais famílias que anteriormente pertenciam à classe média, no rol das que necessitam do Estado e do Governo de José Sócrates para poderem sobreviver. Eleitoralmente, esta situação até pode ser boa para o Governo, uma espécie de “perdeste poder de compra devido à crise internacional, mas toma lá um Magalhães, e faz favor de te mostrares agradecido, e nas próximas eleições votar no partido da mãozinha”.
A aniquilação da classe média num país “mais ou menos” desenvolvido é um erro estratégico com efeitos a médio e longo prazo. É contra todas as regras de um desenvolvimento sustentado, é a inversão do exemplo finlandês que tanto o Governo gosta de apontar.
Os factos mataram as boas intenções. Pode José Sócrates argumentar o que quer que seja, porque os factos, os número e a dor revelam que Portugal tornou-se um país mais injusto para centenas de milhares de famílias, e isto da desproporção na distribuição da riqueza não tem nada a ver com a crise internacional, nem com a Direita, nem com a Esquerda. Tem a ver connosco.
Dizem que a inveja é uma característica do povo português. Eu penso que o mal é mais geral, mais globalizado, mas que um pouco de inveja não fica mal a ninguém e até pode ser indutor de desenvolvimento humano, estético ou económico. O primeiro-ministro tem inveja do sistema finlandês, o que quer que seja o sistema finlandês, e acha que o devemos perseguir. Digamos que apesar de discutível a forma, o modelo ou o método, José Sócrates não que o pior para Portugal e enterrar o país. Eu raramente estou de acordo com José Sócrates, mas longe de mim pensar que ele quer o pior para o país. E nem a oposição mais aguerrida ousou pensar o mesmo.
Mas imaginemos que José Sócrates rói-se de inveja do sistema finlandês e tamanha é a inveja que o quer destruir. Seria um bocado ridículo, não acham?
Assusta-me um pouco que para um grupo interessante de pessoas, não maioritário, mas com expressão, o êxito de alguém seja apenas fundamentado em cunhas, favorecimentos, circunstâncias, pais ricos, cus virados para a lua, vigarices e corrupções, branqueamentos de capitais ou venda de droga. O mérito para essa gente, é difícil de reconhecer, porque isso seria admitir o próprio fracasso. Para essa gente não há mérito no êxito, e quanto mais próximo está da pessoa que tem algum tipo de êxito, mais se corrói internamente, maior é a azia. É o culpado até prova em contrário. Não gosto muito de qualificar as pessoas, mas temos que admitir que existe essa característica em muita gente. Não acham? Normalmente até são uns gajos e gajas porreiras, mas reside neles uns instintos sinistros.
É o fulano que apenas pelo facto de ser muito fisicamente muito interessante aos olhos das mulheres, é necessariamente maricas. É o maricas que incomoda. É a boazona que deve ter montanhas de celulite. É o gajo que por ter um pai rico está em escassez de inteligência. É o novo-rico que apenas por o ser, incorre em pecado capital de tão ridículo que é. É o Professor Doutor que é meio maluco e não sabe estacionar o carro em condições. É o Sócrates um idiota e a Manuela Ferreira Leite que não percebe nada do assunto. São os fascistas e os comunistas, os chineses e os brasileiros, os gays e os padres, a perturbante loira que de certeza subiu na vida de forma horizontal.
Só os acusadores são o padrão, o modelo sustentado de desenvolvimento social, o exemplo a seguir. Acho piada a essa gente de tão convicta que está. Que acha que mais importante que um cérebro e meia dúzia de neurónios a funcionar é a sua cor futebolística, a sua religião, a sua opção partidária, o local onde nasceu, a árvore genealógica ou opção sexual, e outros aspectos de elevada importância para condenar um ser humano ao fracasso, a considerar que os outros, pelo simples facto de respirarem, já estão a incomodar.
Há coisa de uns anos, um Governo qualquer, que já não me lembro qual nem a cor partidária, introduziu como obrigatória a Medicina do Trabalho nas empresas privadas. Claro está, com custos para as empresas apesar da saúde em Portugal, ou a falta dela, ser responsabilidade do Estado o seu tratamento. Cada vez menos é certo, mas ainda o Estado possui alguma responsabilidade nesta matéria.
Os funcionários públicos porque são muito saudáveis, estão isentos de Medicina do Trabalho. É certo que existem professores obrigados a darem aulas com cancro nas cordas vocais, mas quanto ao resto do corpinho, são muito saudáveis. Portanto, o Estado obriga os privados a praticarem regras a que se isenta, e tão importantes são essas regras, que caso os privados incorram em falta, sofrem pesadas sanções pecuniárias.
Logicamente, surgiram no mercado centenas de empresas especializadas em Medicina do Trabalho sem qualquer tipo de licenciamento, alvará ou reconhecimento. Acho que finalmente, agora, alguém está a pôr ordem no sector, a licenciar, a diminuir o número de empresas, e proporcionalmente a concorrência, e inversamente proporcional o preço.
Nada me move contra estas empresas, pelo contrário, acho muito bem que tenha tido a perspicácia de desenvolverem um negócio no momento certo.
Há uns anos aquilo funcionava assim: convocavam metade da empresa para estar nas instalações médicas privadas de forma a realizarem o exame. Era uma alegria para todos porque se perdia toda a manhã, urinava-se para uns frasquinhos, efectuavam-se meia dúzia de testes, e pronto, estava a “coisa” feita e era uma espécie de alegria no trabalho.
Mas tudo evolui e para poupar tempo aos clientes, as empresas de medicina do trabalho têm umas auto-caravanas que vão a qualquer lado, inclusivamente à porta da empresa. Convocam metade do pessoal para lá estar às 16.00h da tarde, aparecem às 16.30h, entre ligar a aparelhagem e distribuírem uns frasquinhos para onde um gajo mija, são 17.00h e a alegria no trabalho está de novo instalada.
Um gajo entra na auto-caravana, entrega o frasco de mijo a um tipo porreiro que nos manda tirar a camisa e nos deitarmos numa maca, o que começa a parecer que a relação tende para algo que não estamos preparados, coloca umas ventosas ligadas a uma máquina no nosso corpo, observa os resultados num ecrã e diz-nos com pesar que temos colesterol elevado, como se não soubéssemos disso há anos. Se lhe perguntarmos se o nível de colesterol aumentou ou diminuiu em relação ao ano passado, o tipo não sabe responder. Mas a malta está ali para se despachar e também não quer grandes respostas.
Perguntam-nos a função na empresa, o nível de escolaridade, e que idade temos. Claro que, se tivessem a ficha referente ao ano anterior, escusavam-me de perguntar a idade e fazerem figura de pertencerem a uma organização incompetente, que quando analisa um gajo, não faz ideia do seu passado embora já o tenha observado.
A auto-caravana está dividida em duas salas. Depois de enfrentarmos o tipo, passamos para a ala da doutora espanhola. A médica pergunta-nos se fumamos, se bebemos, ausculta-nos, e depois recomenda que fumemos e bebamos menos. Despedimo-nos com uma “bacalhausada” e o dia continua.
Se eu for telefonista de uma empresa e completamente surdo, a médica em questão não tem autonomia para dizer que eu não estou qualificado para essa função. Não pode impedir que um tipo sem pernas seja o distribuidor oficial de mercadorias de uma empresa. Claro que a maior estupidez seria da empresa, mas a médica não pode actuar e corrigir, mesmo que isso fosse o melhor para a empresa e para o trabalhador. Não mede capacidades motoras e cognitivas para as funções que cada trabalhador desempenha.
A médica em questão não pode receitar o que quer que seja, não pode dar baixa, nem pode intervir, caso a entidade patronal ache que existe na empresa uma baixa fraudulenta. Nada.
Não fazem mais nada que um “Médico de Família” não o possa fazer. E a culpa nem é da empresa de Medicina do Trabalho nem da médica, é do sistema.
Este post é provocado por causa de um amigo que tem uma empresa de Medicina do Trabalho e fica sempre indignado comigo quando eu digo que nos moldes actuais, a Medicina do Trabalho não serve para nada, e que a haver, quem deveria pagar seria o Ministério da Saúde. Claro que ele argumenta, esperneia, mas normalmente remato com esta questão: se é tão importante, porque é que o Estado não aplica a Medicina do Trabalho nos funcionários Públicos? Ele ainda não arranjou resposta.
João Hall Themido, ex-embaixador português resolveu escrever um livro chamado “Uma Autobiografia Disfarçada” onde relata meio século de diplomacia portuguesa, as suas memórias.
Um livro que faz considerações sobre tudo e sobre todos, onde se considera confidente dos principais agentes políticos internacionais, e nem estou a duvidar disso, mas de repente faz considerações acerca de Aristides de Sousa Mendes e considera que tal personagem é um mito criado pelos Judeus e pelas Forças pós-25 de Abril.
Primeiro, critica a forma irregular como Aristides salvou alguns judeus da morte certa, tanto mais que Portugal tinha uma posição neutral, e depois, dúvida que um “mero cônsul”, uma carreira menor da diplomacia segundo Hall Themido, fosse capaz de salvar 30.000 pessoas em poucos dias. Talvez apenas um embaixador como Hall Themido fosse capaz de tal proeza, um ser muito acima dos simples mortais.
Para além disso, considera que Aristides de Sousa Mendes era um grande “baldas” e sujeito de vários processos disciplinares.
Até pode ser que Hall Themido tenha razão, que em meia dúzia de observações consiga contrariar e deitar por terra, anos de estudo de grandes historiadores internacionais. É que Hall Themido era confidente de toda a gente influente na segunda década do século XX, a acreditar na sua autobiografia “disfarçada”, e portanto, sabe de tudo o que se passou no mundo
Infelizmente, o povo português precisa de heróis para continuar a acreditar que existe uma razão forte para continuarmos a ser uma nação útil ao mundo. Precisamos do Cristiano Ronaldo, do Carlos Lopes e de Aristides de Sousa Mendes, e talvez não precisemos das confidências de Hall Themido.
Eu acho que a geração dos nossos pais é uma das mais interessantes, um verdadeiro “case studie” para daqui a uma centena de anos, talvez.
Acompanharam a massificação da televisão a preto e branco, vibraram com os golos do Eusébio e acompanharam em directo a visita da Rainha de Inglaterra a Portugal. Muito sinceramente, podiam ter escolhido um qualquer evento mais divertido para inauguração das transmissões em directo na televisão, mas não. Preferiram a visita da rainha dos “bifes”.
Basicamente, os nossos pais, daqui a uma centena de anos, serão conhecidos pela “geração do electrodoméstico”, designação que lhes assenta que nem uma luva. Aspiradores, máquinas de lavar e secar, máquinas eléctricas para cozer e tricotar, berbequins, batedeiras, e mais uma quantidade de maquinetas de utilidade duvidosa. O meu pai até chegou a comprar uma máquina que cortava o cabelo de deixar qualquer punk nervoso, isto numa altura em o máximo de ousadia capilar era o de ter o corte à Beatle. O facto de demorarmos cerca de uma hora nessa tarefa, tempo mais que suficiente para ir ao barbeiro, cortar o cabelo e voltar de novo a casa, não era motivo para desistências. O importante era a não dependência de mão-de-obra alheia, e mesmo a “Velha do Restelo” na pessoa da minha mãe que gritava que “não saía à rua com as crianças com as crianças neste estado” era facto que demovesse a vontade e a necessidade do empirismo.
Bom. Cada electrodoméstico que entrava em casa, era recebido com pompa e circunstância, e passava a ser o centro das atenções generalizadas até à chegada de um novo electrodoméstico. Eu acho que se passava assim em todos os lares, e o facto do Sr. Silva ter comprado um secador de cabelo à mulher na semana passada, era motivo suficiente para invejas e cobiças por parte da vizinhança.
Lembro-me perfeitamente da chegada da máquina de lavar roupa a minha casa. Acho que nesse dia o meu pai até tirou férias para ficar a par do funcionamento do electrodoméstico, como se fosse ele algum dia a trabalhar com o dito. E desde logo começou a correr mal. Eu acho que na altura um electrodoméstico era mais valorizado que um filho, pois estes eram muitos e os electrodomésticos poucos mas com bastante utilidade. E muito sinceramente, não me lembro do meu pai tirar férias no dia em que chegamos a casa.
A máquina devia ter algum problema de equilíbrio ou mau calibramento porque podia dizer-se que saltava, dava pulos de três centímetros em direcção aos espectadores e só parava quando se desligava da corrente eléctrica por força da distância percorrida. Uma vez, estava eu, o meu irmão e um amigo lá em casa, quando a máquina em fúria tentou atacar a minha mãe, e nós corajosos e munidos de vassoura fomos em socorro da aflita senhora e desatamos à pancada com as vassouras contra a máquina. Vencida a batalha, nós, os três infantes, resolvemos atar a máquina de lavar a roupa com umas cordas para que ela não fugisse ou atacasse donas de casa desprevenidas.
Apesar da solução encontrada, a minha mãe passou a adoptar o seguinte processo: metia a roupa na máquina, com um cabo da vassoura ligava à distância o animal, corria para fora do compartimento onde estava o electrodoméstico e fechava a porta à chave, não fosse a máquina de lavar roupa capaz de abrir uma porta utilizando a maçaneta.
A máquina, talvez amuada, avariava com mais frequência que o desejável e o meu pai era o técnico de serviço. Eu não percebo muito acerca da mecânica das máquinas de lavar roupa, mas suponho que o meu pai também não percebia grande coisa. Apesar de tudo, um técnico de informática nos finais da década de 70, não era menino para se atemorizar com um simples electrodoméstico sem complexidade nenhuma. E a técnica era simples: desmontava a máquina e voltava a montá-la para chegar à conclusão que as peças que sobravam é que estavam a provocar a avaria. Eu acho que as máquinas de lavar roupa da actual geração já não trazem essas peças supérfluas.
Só que o processo era moroso. Não era fácil. A desmontagem da máquina era relativamente fácil, mas a montagem exigia muito tempo, até semanas e a oficina era o apartamento inteiro. As peças eram espalhadas informalmente à medida que a máquina era desmontada, o que envolvia mesa da sala de jantar, sofás, corredores e algumas divisões. Envolvia também sempre uma dúzia de insultos contra a máquina e contra os filhos que se sujavam muito e por isso provocavam o desgaste do electrodoméstico. Mais pontapé, menos pontapé, a máquina passava a funcionar apesar de manter sempre os seus instintos assassinos.
Por isso, o problema não é um esquentador custar 300,00€, o problema é que os nossos pais detestam desfazer-se dos seus electrodomésticos e arranjam mil desculpas para estarmos a tomar banho de água fria. Trocar um electrodoméstico para eles é como abandonar um filho.
Não consigo deixar de compreender quem ficou no desemprego, que perdeu a casa para os bancos, o carro para outros credores e deixou de poder dar uma educação digna aos filhos, não vá para a rua gritar, porque na rua, já ele está.
Um dos maiores medos dos políticos é a instabilidade social resultante da instabilidade politica, económica e financeira, porque, normalmente antecipam golpes políticos. E a história de Portugal está recheada de casos desses.
Calma que não estou a insinuar que irão acontecer novas “Marias da Fonte”, tanto mais que prognósticos só os faço em finais de Dezembro deste ano. Apenas afirmo que estão criadas as condições, que o rastilho para o barril de pólvora já está estendido e só falta saber quem o vai acender.
A ideia não é nova nem é minha, e do que tenho lido e falado com algumas pessoas há imensas pessoas a pensarem que efectivamente vão acontecer brevemente convulsões sociais bastante graves.
O Presidente da República no seu discurso de Ano Novo de 2009, que por acaso até considero bom e oportuno, afirmou que é necessário trabalhar mais. Muito embora, pense eu, que os recém desempregados também gostassem de trabalhar. E não nos podemos esquecer que os países com mais desempregados, são aqueles onde existem mais revoltas populares.
A classe politica, independentemente do mérito ou desméritos de cada um dos políticos, perdeu a credibilidade. Não sou daqueles que os políticos são todos maus, porque até conheço pessoalmente alguns muito bons, mas, até o Mário Nogueira consegue mobilizar mais gente recorrendo apenas a uma classe profissional. E em tempo de crise, existem vários potenciais “Mários Nogueiras” sem necessariamente serem democratas ou de esquerda.
O fosso entre ricos e pobres agravou-se em Portugal, e surgem agora os novos pobres vindos de uma classe média que até há pouco tempo pensava que as suas condições de vida não poderiam piorar. Só que piorou e as perspectivas futuras não são nada animadoras.
A protecção financeira dada aos banqueiros, e não só protecção financeira mas também do status, cai muito mal num país onde se paga cada vez mais impostos e se obtém cada vez menos serviços e protecção do Estado. E não foi com os empréstimos à habitação e às PME´s que os bancos perderam dinheiro, foram em investimentos gananciosos de elevado risco.
Entre o apoio ao dinheiro ou o apoio aos sectores produtivos, os Estados de todo o mundo estão canalizar a grande parte dos seus recursos para o dinheiro, com se fosse uma excelente situação as pessoas continuarem a ter dinheiro para gastar mas não terem alimentos para comprar. De que me vale que o Estado, com o dinheiro dos contribuintes, assegure que os meus depósitos a prazo estão garantidos se o sector produtivo faliu? O que é que eu vou comprar? Nada! O Estado comprou por mim, comprou Dívida Pública.
É o clima de impunidade que gozam aqueles que cometem o pequeno, o grande e o médio crime. São situações de abuso de confiança, compadrio e peculato que apesar de denunciadas, ficam por apurar e julgar. É a sensação que por detrás de cada enriquecimento da noite para o dia existe um crime. É a impressão que apenas chega ao conhecimento público uma pequena parte deste massacre contra o património geral.
Não, a culpa não é exclusiva de José Sócrates e talvez ele até seja o menos culpado desta crise. São o acumular de situações com causas endógenas e exógenas e com responsabilidades difíceis de atribuir. Cada um valoriza de forma diferente as causas e as responsabilidades, mas o resultado final é sempre o mesmo.
Mas mesmo numa situação de crise mundial, nada justifica que os índices portugueses relativamente a outros países continue a piorar, e que sejamos sistematicamente ultrapassados por outras nações em termos de desenvolvimento humano e social. Por isso não me venham com a “treta” que Portugal poderia estar pior.
É o nosso país servir de coutada a empresas monopolistas por acordo com o Estado enquanto as PME portuguesas fecham as portas.
Por isso acabo como comecei: se um grupo de revoltados vier para a rua desafiando a autoridade do Estado, compreenderei os motivos embora não aplauda a atitude, mas apesar de tudo, parafraseando Mário Soares, “é legitimo o direito à indignação”
Impressiona-me a maneira como os portugueses se comportam nas escadas ou passadeiras rolantes. Talvez isso seja revelador da nossa natureza.
No estrangeiro os tipos usam as escadas e passadeiras rolantes para se deslocarem mais depressa. Apesar da mecânica estar a funcionar, o pessoal continua a subir, a descer ou a caminhar para chegar de forma mais rápida ao destino. Os poucos que ficam parados colocam-se à direita de forma que os mais apressados os ultrapassem.
Cá em Portugal, a malta olha para as escadas ou passadeiras rolantes como forma de parar um bocadinho, tipo “se esta merda me leva até lá cima, porque é que eu vou caminhar?”. E as pessoas ficam paradas, à esquerda e à direita e se um cidadão pede “com licença” para ultrapassar porque está com pressa, o pessoal olha-o como se de um maluco se tratasse, porque as escadas-rolantes servem única e exclusivamente para o pessoal não se cansar.
Até somos um povo trabalhador, mas olhamos para as escadas-rolantes como quem olha para um sofá, para uma cama ou uma toalha estendida na praia. É proveitar que a vida é curta.
Bem pode estar afixado no início de uma escada-rolante que não são permitidos carrinhos de bebés ou de compras, porque tomamos isso como um desafio, uma forma de confrontar a autoridade, a nossa veia anárquica. O puto que está no carrinho de repente sofre uma inclinação de 45 graus, mas podemos considerar isso como um processo de iniciação à montanha-russa. Os carrinhos atulhados até cima vão largando as compras, a mulher que o segura de repente começa a descer as escadas para apanhar o que vai perdendo e atrapalhando quem vai atrás, e gera-se uma enorme confusão e insultos.
Bem pode estar afixado que não devemos colocar os pés junto ás bermas das escadas-rolantes, porque descobrimos logo uma excelente forma de limpar os sapatos.
Mas o momento mais divertido é o da chegada ao piso de destino. Normalmente as pessoas dão um salto tentando imitar o Nelson Évora e algumas, principalmente as senhoras com salto alto, dão um trambolhão. Outros também caem porque estão com o pensamento muito absorvido dado o relaxe que sentem nas escadas rolantes. Uma espécie de tratamento chinês sem agulhas.
Eu penso que as primeiras escadas-rolantes que existiram em Coimbra foram as do Centro Comercial Golden na Sá da Bandeira. Tamanha foi a novidade que grande parte do pessoal que assentava arraiais no café Nicola na Baixa, se transferiu imediatamente para a porta do novo empreendimento comercial.
Aquilo era giro porque vinham excursões das periferias de Coimbra, para andarem nas escadas-rolantes. Mesmo que as escadas normais ou os elevadores estivessem mais próximos, o pessoal preferia dar uma enorme volta, mudar de piso e utilizar as escadas-rolantes. Era uma forma de contacto com o que de melhor havia no resto da Europa e Estados Unidos.
Mas mesmo nessa altura já haviam os profissionais das escadas-rolantes, tipos que habitualmente iam a Espanha fazer compras no “El Corte Inglês” ou nas “Galerias Preciados”. O meu pai era tipicamente um tipo habituado a essas andanças, e na primeira vez que o resto da família se viu confrontada com tal invenção, o meu pai ministrou-nos um curso de cerca de um minuto, essencialmente advertindo-nos para os perigos da abordagem no final da chegada e na técnica do salto. Claro que a minha avó caiu revelando que o meu pai não era grande mestre. Podia ser um profissional de escadas-rolantes, mas pouco fadado para o ensino.
Descobrimos mundos e sempre fomos navegadores, mas escadas e passadeiras rolantes não são o nosso forte. Por isso prefiro essas coisas em Portugal: é muito mais divertido
É claro que estamos contra o dia mundial do beijo. Não só porque é uma pepineira meia maluca mas também porque estamos solidários com a “Associação dos Portugueses com Mau Hálito e que Ninguém quer Beijar”.
Para mim o dia do beijo é aquele em que a minha senhora não está chateada comigo.
Podem dizer que o beijo dá cabo das calorias e anima o ego, mas eu não sei se acredite nisso.
Uma bacalhauzada a todos.
Tudo indica que o Governo e a Administração Local decrete tolerância de ponto aos seus funcionários caso o Benfica vença o campeonato nacional de futebol. "Afinal é uma comemoração que sucede de cinco em cinco anos e o Governo não pode fechar os olhos aos anseios dos portugueses", refere um Secretário de Estado.
Em principio esta medida estará apenas vigente no concelho de Lisboa mas existem petições de cidadãos para que a mesma seja alargada a outras zonas do país, principalmente naquelas onde a maioria benfiquista é mais do que evidente.
Rui Rio, edil portuense e simpatizante do clube mais representativo da cidade, afirma que tal tolerância é uma fantochada e nem sequer coloca a hipótese de seguir medida idêntica caso o Futebol Clube do Porto vença a Taça de Portugal.
Mas também existem vozes contra. A Associação Regional de Remo de Coimbra lamenta que apesar dos seus representados terem conquistado diversas medalhas e títulos para a cidade, nunca ninguém foi capaz de promover uma tolerância de ponto para comemorar e dignificar o desporto local amador.
Tentamos em vão contactar a Associação Ateísta Portuguesa para saber o seu posicionamento em relação a esta tolerância de ponto, mas tal não foi possível até ao fecho desta notícia.
Três mil milhões de Euros depois, a Organização Mundial de Saúde vem admitir aquilo que já todos sabíamos: A pandemia da Gripe A afinal não teve as dimensões previstas.
Oh raio!!! Mas afinal o dinheiro não se perdeu e está a render juros nas robustas contas da indústria farmacêutica, e como muitos defendem, “os privados gerem melhor o dinheiro que o Estado”.
Mas ainda bem que as previsões mais pessimistas não se confirmaram, ainda bem que não morreram milhões de pessoas, mas agora é necessário tirar consequências. Tamanha era a fúria que compraram milhões de vacinas de produtos não devidamente testados.
A OMS merece o prémio de “Organização mais Palerma de 2009”
E porque nos preocupamos com todos, até com aqueles que um dia irão para o Inferno, a Associação dos Palermas de Portugal desenvolveu uma colcha de colocar nas varandas para os ateus, muçulmanos e outros, protestarem contra a visita do Papa.
Cada colcha custa 47€ e se a adquirirem nas próximas 72 horas ainda terão completamente grátis uma bicicleta estragada que tenho na garagem e não me consigo desfazer dela.
A Associação Ateísta Portuguesa exorta os trabalhadores a portugueses a não acatarem a tolerância de ponto promovida por algumas empresas públicas, e não só, aquando da visita de Sua Santidade, o Papa Bento XVI.
Pelo contrário, a Associação apela a que todos os trabalhadores façam horas extraordinárias nesses dias, mesmo que a receita proveniente desse esforço reverta para as empresas.
Folgar em dias de visita do Papa, digo eu, deveria até ser considerado um “pecado muito original”. A malta da Associação palermas de Portugal vai desenvolver uma campanha de recordações da visita de Sua Santidade.
Nem tudo será mau na questão da subida das águas dos mares provocada pelo degelo dos Pólos. Pelo menos é esta a minha ideia, tanto mais que ficarei com a praia mais próxima de casa.
Eu sei que é um bocado chato para os meus amigos que vivem junto á beira-mar que terão que se mudarem rapidamente para regiões onde não fiquem com os pés dentro de água, mas assim, é uma forma combater a desertificação do interior, promover a construção civil, e para além de mais, tenho um terreno que merece ser valorizado.
Porque é que o Programa de Estabilidade e Crescimento não tem a parte do Crescimento?
A malta que paga impostos está contente porque finalmente sabe que vai ter que contribuir mais para o desenvolvimento da nação. Nestas coisas, o contribuinte é como o Pai Natal: dá sempre muito mais do que recebe.
Como contribuinte, sempre fui habituado e avisado que teria que participar na construção do Estado Social, na solidariedade para com os mais desfavorecidos e raramente me queixo. É mesmo assim, qualquer que seja a sociedade.
O que me tenho que habituar rapidamente é ao facto do Estado construir e colocar aquilo que é de todos ao serviço de alguns. São auto-estradas, são portos, são aeroportos, são redes de distribuição de energia, hospitais, etc.
Por exemplo, circulo com frequência na A1. Esta auto-estrada foi construída com os nossos impostos e concessionada à BRISA durante uma quantidade de anos, obtendo a empresa com esta concessão, o benefício de milhões e milhões de Euros.
Não me chateia que concessionem o que quer que seja, tanto mais que está provado que o Estado é mau gestor e os gestores públicos, na sua grande maioria, nunca foram gestores de “pôrra” nenhuma. O que me chateia é que o Estado seja tão mau negociante.
Por acaso seria uma ideia muito interessante que os Palermas de Portugal se unissem e formassem um partido politico. De certeza que ganhariamos com 99% das votações, um resultado de fazer inveja a muita Democracia musculada.
Os Institutos Nacionais de Estatística de Portugal e Espanha resolveram elaborar um estudo comum denominado “A Península Ibérica em Números” envolvendo diversos indicadores e tendências, num trabalho exaustivo e ilustrador do que se vai passando por aqui e por lá.
No entanto, o mínimo que se pede num estudo elaborado por Institutos de Estatística é o rigor até no nome do caderno: Se é a Península Ibérica em números, porquê incluir a Madeira, os Açores, Ceuta, as ilhas Baleares, as Canárias e Melilla? Que eu saiba, estas regiões, apesar de integrarem o território de Espanha ou Portugal, não estão localizadas na Península Ibérica! Por outro lado, Gibraltar, que faz parte da Península Ibérica, não está incluído neste estudo.
Ok. Trata-se de um pequeno pormenor que em nada afecta ou diminui o estudo, e deve ser lido como “Portugal e Espanha em números”.
Apesar de tudo sou contra estes estudos. Ao compararmo-nos com Espanha saímos muito mal na fotografia e acaba por afectar a nossa auto-estima lusitana. A bem da Nação, só deveriam ser permitidos estudos estatísticos onde de alguma forma fossemos os melhores, por isso, e para elevar o ego sugiro um estudo comparativo entre Portugal e a Albânia ou a Roménia, estudos comparativos com os PALOP´s, etc. Seriam estudos bem mais agradáveis de ler que a comparação com os espanhóis. Já não nos basta termos que ver a população de Valença com bandeiras espanholas, agora também temos que “gramar” com estes estudos.
O estudo começa com duas grandes inabitabilidades: Espanha tem montanhas mais altas e rios mais compridos. Se a serra da Estrela e o Pico parecem anões quando comparados com o Teide nas Canárias ou o Malhucén na Andaluzia, já na questão dos rios, três dos seis maiores acabam por vir morrer a Portugal, ou pelo menos, na fronteira. Quanto às montanhas mais altas nada podemos fazer, serão sempre espanholas a não ser que numa grande fúria lusa ocupemos militarmente algumas regiões de Espanha. Também podemos efectuar trocas mas não sei se os espanhóis irão na conversa.
Neste estudo somos melhores porque consumimos mais energia renovável que os espanhóis e emitimos menos toneladas de CO2 por habitante mas estamos a recuperar. Também deitamos menos lixo nos contentores. Temos menos habitantes mas uma densidade populacional maior, muito embora, desde 1990 que os espanhóis se estão a reproduzir a uma velocidade superior á dos portugueses.
Um pormenor interessante é aquele que nos diz que o abandono escolar em Portugal é superior ao espanhol mas que têm tendência a médio prazo, 5 ou 6 anos, a serem muito semelhantes. No entanto, o abandono escolar em Portugal e em Espanha é o dobro do registado na média da União Europeia. Claro que a malta tem é que trabalhar e com a quarta classe já temos capacidade para chefiar uma equipa de estivadores que descarregam um navio. Curiosamente, o ensino em Portugal privilegia muito mais o ensino de línguas estrangeiras que em Espanha, talvez por isso o espectáculo que nos é oferecido por espanhol sempre que tenta falar inglês. Apesar de tudo, os espanhóis licenciam-se mais em Letras que os portugueses, muito mais interessados em engenharia, saúde e administração.
Agora algo verdadeiramente insólito: apesar da população de Espanha ser mais de quatro vezes superior à portuguesa, Portugal possui mais doutorados que Espanha: 7307 contra 7150 (dados de 2007).
Em termos de saúde, mais 2/3 dos espanhóis acha que está bem ou muito bem servido enquanto nem metade dos portugueses acha o mesmo. Estes dados são de 2007 e temo que a “coisa” não tenha melhorado por aqui de então para cá. Também é certo que os espanhóis gastam mais 50% em saúde por habitante que os portugueses e têm mais médicos por mil habitantes. Talvez por isso vivam em média mais 1200 dias que os portugueses e tenham menos de problemas de saúde.
Se ao “espanto” anterior tivermos em conta que existem muito mais fumadores em Espanha, por cada 100 habitantes, que Portugal, especialmente nas mulheres, então o “espanto” ainda será maior. Milagre? Talvez, porque a a percentagem de mortes derivadas de problemas com o sistema respiratório em Portugal e Espanha é muito semelhante.
Por falar em mortes portuguesas e espanholas: não é estranho que 11% dos portugueses morram por causa de “sintomas, sinais e resultados anormais de exames clínicos e de laboratório” e em Espanha apenas 3%. Estranho, não é?
Nem é melhor falar do rendimento disponível das famílias portuguesas e espanholas porque só dá vontade de chorar aos portugueses. Também o que querem? Se em 2000 um português trabalhava em média mais horas que um espanhol, neste momento a média inverteu-se. Para além demais, somos bastante menos produtivos que os espanhóis. Talvez por que consumamos muito mais vinho e menos leite que os espanhóis.
Mais uma curiosidade: apenas 9% dos empregadores portugueses são licenciados enquanto em Espanha são 28%.
O estudo evolui depois para as diversas regiões espanholas e portuguesas e alguns dados não deixam de ser curiosos: Porque raio, um açoriano consome em média 315 litros de água por dia? É mais que muito, é um exagero sabendo que o pessoal de Navarra apenas consome 128 litros por dia! Mais limpinhos, cheirosos e perfumados? Penso que será um tema a desenvolver num próximo post.
Já tinha falado anteriormente no lixo. Não é por nada mas são nas zonas mais turísticas onde reside o maior lixo por habitante, como é óbvio, pelo número de turistas face ao número de residentes. Só assim se explica que o lixo produzido por habitante seja o quase o dobro no Algarve que na região norte de Portugal.
Outro aspecto interessante é que os espanhóis casam mais que os portugueses, em contrapartida, nós temos mais filhos fora do casamento. A mulher portuguesa até tem filhos um ano mais cedo que a mulher espanhola, mas ninguém bate as mulheres de Ceuta e Melilla, que talvez por estarem no Norte de África, parem que nem umas doidas e têm em média três vezes mais filhos que uma mulher que viva no Centro de Portugal ou nas Astúrias.
No aspecto cultural, digamos que um habitante de Madrid vai quatro vezes por ano ao cinema e um alentejano vai uma vez de três em três anos. Talvez seja derivado do efeito Penélope Cruz versus efeito Maria de Medeiros. De qualquer forma não por irem muito ao cinema que o pessoal de Madrid não deixa de ter o dobro de lares ligados à internet que no Alentejo.
Economicamente, o Pais Vasco é a região mais rica com o rendimento disponível por família a ser 2,5 superior ao Norte de Portugal. Apesar de tudo, as mulheres do Centro de Portugal e de Lisboa são aquelas que mais trabalham. As que menos trabalham são as de Mellina e Ceuta que estão muito entretidas a parir filhos.
Em compensação as vitimas de acidentes de viação são enormes em Melilla, Ceuta e Algarve. Aquela 125 é um cabo dos trabalhos.
O mais chato no meio destas estatísticas é que em média, um espanhol vive cerca de mais 1200 dias que um português. Já não nos basta sermos mais pobres, ainda temos que viver menos 1200 dias.
Foi há um ano. Há pouco mais de um ano, talvez apenas mais 5 meses, a minha avó viu o meu pai a ser entrevistado em diversos canais de televisão como accionista bastante lesado no caso BPN. A minha avó era bastante surda, só ouvia quem lhe gritasse, e ao ver o meu pai na televisão imaginou logo que ele seria amigo do Manuel Luís Goucha. “Este pessoal da televisão conhecem-se todos uns outros”, talvez tenha pensado a minha avó.
Claro que imaginada amizade entre o meu pai, filho da Dona Joaquina e o Goucha trazia água no bico. Ficamos a saber o apresentador tinha um programa matinal onde, entre outros capítulos, homenageava anciãs que completavam 100 anos de idade. Faltavam 9 meses para a minha avó fazer 100 anos de idade. Quando descobrimos a intenção da nossa feliz nonagenária, claro que não a quisemos decepcionar e aceitamos todos ir ao programa sem colocar qualquer tipo de reserva.
Tão contente ficou que tratou logo de convidar as amigas e empregadas do lar de terceira idade, os bombeiros que a levavam de vez em quando na ambulância ao hospital, os médicos, os caseiros, familiares afastados, o padre e o sacristão, o senhor da mercearia... íamos todos ao programa do Goucha comemorar os 100 anos da minha avó. Já estava tudo combinado.
Infelizmente a minha avó morreu no dia 08/04/2009, uma morte tranquila, nada condizente com a vida agitada que sempre levou. Ficou a quatro meses de ir ao programa do Goucha. Bateu-me profundamente o desaparecimento da D. Joaquina tanto mais que os primeiros anos da minha infância vivia com ela enquanto os meus pais trabalhavam na cidade do Porto. Era a madrinha do meu casamento, a avó de referência, a alegria em pessoa e continuo a ter muitas saudades da pessoa e nos bons momentos que passamos juntos. Os meus cheiros de infância, as minhas recordações, a primeira vez que parti a cabeça, foram momentos partilhados. Mas chega que pieguice por hoje.
Um funeral nunca é uma cerimónia bonita mas o da minha avó estava a ser. Praticamente, o Padre amigo da família não rezou Missa, mas antes, propôs-se efectuar vários elogios póstumos e que tiveram a concordância de todos os presentes.
Uma das pessoas presentes no funeral foi a minha tia Elvira (nome fictício). A minha tia Elvira não é familiar directa da minha avó mas é como se fosse. É irmã da minha mãe, é uma pessoa extremamente simpática, bem-humorada, disponível para ajudar e que quer estar sempre em primeiro plano, seja na ajuda, seja numa fotografia.
Da igreja para o cemitério, a minha tia Elvira atrasou-se um pouco a falar com umas pessoas e o certo é que perdeu grande parte de uma pequena cerimónia que o padre realizou junto à sepultura, talvez a uns quinze metros de distância. A minha tia Elvira, um pouco danada por não estar em primeiro plano e por ter perdido parte de um momento importante, resolve cortar caminho por entre as centenas de pessoas que avolumavam junto ao corpo da minha avó.
De tanta pressa que tinha nem reparou que subiu a um pequeno monte de terra que após de superado, dava directamente para a sepultura da minha avó. Escorregou e caiu de cabeça dentro da cova.
Concentrado na cerimónia, o pessoal nem reparou no que tinha acabado de suceder a não ser quando a minha tia começou a gritar ao mesmo tempo que dizia asneiras. Olhei para trás e só via umas pernas a refilarem contra o que estava a acontecer, era a minha tia. Claro que o funeral acabou por se transformar numa espécie de circo após este épico momento, as pessoas abraçavam-se umas às outras fingindo estarem a chorar, mas apenas choravam de riso. A minha tia afirmava que não tinha caído na cova, mas antes tropeçado e quase tinha caído, contrariando aquilo que todos tínhamos visto.
Eu gostava de terminar esta pequena história de forma apoteótica mas não há muito mais para contar para além disto: não fomos ao programa do Goucha mas tivemos o funeral mais divertido do ano. Obrigado avó!
Confesso que sou leitor assíduo do semanário com maior tiragem em Portugal. Claro que não me estou a referir ao Expresso, nem sequer ao Sol do Saraiva, mas sim à “Dica da Semana”, cujo último número teve 2.869.290 exemplares produzidos. Bem pode corar de vergonha Pinto Balsemão, mas efectivamente, a “Dica da Semana” tem muito mais tiragem que o jornal “Expresso”, esse jornal que a todas as semanas nos relembra em editorial que é uma referência nacional, uma Bíblia do jornalismo, um icon, a Babel do conhecimento lusófono. Meus amigos, o “Dica da Semana” é vinte vezes maior que o semanário do Pinto Balsemão, cuja tiragem pouco sobe acima dos 148.000 exemplares por edição. Nesta parte estamos conversados? Então toca a baixar a “bolinha” quando se referirem em tons jocosos ao semanário que é superiormente dirigido por Madalena Bettencourt e Silveira. Podem não possuir comentadores com apelidos “Sousa Tavares”, nem mestres de Direito, Economia ou Politica, mas são uns porreiros. Sabem perfeitamente que o pessoal está mais interessado no implante mamário da Merche Romero que de um terramoto na China ou inundações na Birmânia. Não possuem enviados especiais em todos os locais onde morrer gente porque preferem a harmonia. Além de mais, nunca houve uma queixa na Alta Autoridade para Comunicação Social (seja lá o que isso for) contra a Dica da Semana.
Em termos de vantagens em relação ao Expresso, penso imediatamente em quatro: é grátis, não necessito de ir a uma tabacaria para o obter pois está sempre na caixa de correio, é mais leve e só tem notícias boas. Quase arriscaria uma quinta vantagem: menor índice de publicidade por página publicada, isto é, se retirarmos o suplemento dedicado ao LIDL. E já agora, possui artigos sobre cultura muito mais leves que o suplemento Actual.
A minha casa de banho é uma espécie de biblioteca das últimas edições da “Dica da Semana” e portanto, sei do que estou a falar. E sempre que lá vou com um bocado de tempo, lá leio mais um artigo ou outro, principalmente aquela parte que parece uma versão paparazzi da vida animal com artigos muito interessantes como por exemplo “porcos criados artificialmente são mais infiéis”, ou “ratos florescentes foram apanhados a roubar queijo a um indiano maneta”.
O lema da Dica da Semana, aquela frase que aparece abaixo do título é o seguinte: “É sempre bom saber”. Eu acho importante que a Dica da Semana nos alerte para estes pormenores do dia-a-dia, que é sempre bom saber, que para estar vivo é necessário não estar morto, ou mesmo, que respirar faz bem à saúde. Por exemplo, o Expresso não tem nenhum lema, mas não deixa de nos informar logo na primeira página, que é o “jornal com melhor design do mundo”. E até nisto o Expresso perde, tanto mais que o pessoal folheia o jornal porque é bom saber, e não, para apreciar o design. Se for para apreciar o design, então prefiro a Playboy. Mas isso, são outras conversas. Acho o saber muito mais importante que o design do Expresso, e salvo os traídos de amor, o saber vem sempre em primeiro lugar.
A “Dica” desta semana vem logo a abrir com duas notícias fantásticas: que “Night Eternal” é o novo álbum dos Moonspeell, e que segundo Carla Chambel, o actor tem a capacidade de “tocar” o público. E enquanto o Expresso anuncia todas as semanas que o gasóleo vai aumentar, a Dica revela-nos que no LIDL, as costeletas de porco baixaram de 2,69€ para 1,69€ o quilo, ou mesmo, que as almôndegas de novilho “Jaruco” estão agora a 1.99€. Querem melhores notícias? Na “Dica da Semana” não há inflação que resista.
E ainda nos informa que com a linha de toillete Cyen Young, podemos “sentir um misto de sensações de relaxe e conforto”, nomeadamente as bolas de sais para o banho, um “conjunto de fragrâncias magníficas, que combinam com cada ocasião, quer seja sensual, regeneradora ou refrescante. Eu estou rendido à Dica da Semana porque o Expresso não vos informa de produtos que vos façam sentir um misto de relaxe e conforto, e que não seja parecido com um vibrador.
A “Dica da Semana” tem tudo o que o homem e a mulher moderna necessitam de saber: o preço dos legumes, horóscopos, adivinhas, anedotas, o porquê das mulheres ocuparem cada vez mais cargos importantes nas empresas. Tem também Sudokus em tamanho decente, para colocarmos os números em dúvida a lápis, bem ao contrário do Expresso. E que outro jornal me tentaria a adquirir umas lindas jardineiras de trabalho, com alças reguláveis e semi-elásticas, com a vantagem de possuir também um peitilho com bolso, e ainda local para a fita métrica? Só não as adquiri para não dar mau nome aos “furiosos da bricolage”, uma vez que não tenho jeito nenhum para andar a serrar tábuas, pregar pregos e apertar parafusos.
Mas o que mais me impressionou, foi o testemunho do senhor J.L. de Leiria que nos relata o seguinte: “sou diabético há cerca de 15 anos e insulinodependente há cerca de 8 anos. A partir de determinada altura passei a sentir um cansaço muito grande, com bastantes dores nas pernas. Comecei a tomar NONI e esse cansaço diminuiu bastante e reduzi oito unidades de insulina por dia. Além disso, e é isso que mais me satisfaz, sinto um bem-estar que não sentia antes”. NONI é um produto natural.
Posto isto, recomendo a leitura atenta desse semanário gratuito.
INTRODUÇÃO
Hoje venho-vos falar do meu “filho”.
Numa altura em que a minha filha veio viver comigo por circunstâncias da vida, por recomendação de algumas pessoas resolvi arranjar-lhe uma companhia, e nada melhor que um “irmão”. Não estando eu na altura casado, achei por bem que a melhor coisa era recorrer à adopção.
E assim foi! Eu e a minha mulher, na altura namorada, percorremos diversos lares e num deles, entre diversos manos irrequietos, resolvermos adoptar um “negrinho”, tão lindo quanto tímido com cerca de 2 meses de idade.
Tratada da papelada e com o negrinho no colo da minha namorada, resolvemos ir comprar o indispensável para o novo habitante lá de casa. Ele, tímido, tremia de medo, sentia-se perdido desconhecendo as intenções destas gentes que o tinham retirado do mundo dele.
Compramos uma cama, meia dúzia de brinquedos, produtos alimentares para cerca de dois meses e pouco mais.
A minha filha não se encontrava na altura em casa, e quando chegou, foi com desdém que olhou para o novo habitante:
- É um cão.
Efectivamente era um rafeiro pequenote todo preto, que se cagava e mijava a cada 3 minutos, e que com o passar dos dias se foi habituando a dormir em cima da minha barriga.
Desde muito cedo que se apercebeu da realidade familiar: eu era o pai, a minha namorada era a mãe e a minha filha era a irmã, entidade única com paridade de tratamento e a quem um cão que se digne, não tem respeito algum.
OS ÓDIOS
O tempo foi passando, e o sacana do cachorro desenvolveu um inexplicável ódio por gatos. Talvez seja intrínseco aos cães, talvez eles já nasçam com este ódio desenvolvido, mas o rancor do meu cão aos felinos é mesmo sério, considerando-se grande inimigo de todos os gatos que há no mundo. Tal ódio, é de tal forma famoso, que a história preferida do jardineiro de casa dos meus sogros na Figueira da Foz são as caçadas aos gatos do Sniky. O homem conta histórias fantásticas sobre as caçadas do Sniky, assim se chama o cão, pelo jardim da casa contra todos os malvados gatos.
E o homem conta de tal forma as histórias, que quem não souber que o Sniky é um cachorro com menos de meio metro de altura e 15 quilos de peso, pensará que haverá um Adamastor no jardim. “E o Sniky agarrou o gato pelo pescoço e estraçalhou-o todo. O gato conseguiu fugir mas não deve durar muito tempo” diz ele, verdadeiramente impressionado perante uma plateia constituída por mulheres-a-dias.
Basta dizer a palavra gato, para o pelo se eriçar, começar a rosnar e procurar por todos o lado, o seu grande inimigo. Claro está que ele é um bocado fanfarrão e tenho a impressão que nunca terá conseguido apanhar um gato. Aliás das poucas vezes que foi confrontado com os seus grandes inimigos, acabou por levar um “enxerto” de porrada.
De resto é grande amigo de outros cães, com excepção dos rottewieller. Entre todos os cães existentes no mundo, o sacana haveria de detestar os rottewiller. Preferia eu que detestasse caniches ou aqueles salsichas pequenitos. Mas não, detesta apenas cães que o conseguem abater em poucos segundos. Penso que esta será o principal risco de vida que o meu cachorro corre.
OS AMORES FATERNOS
Não há coisa melhor que chegar a casa e ter alguém que nos faz uma recepção como se eu tivesse acabado de chegar da guerra do Iraque e já não me visse há 3 anos. E é assim que é o meu cachorro. Ele reconhece o barulho do motor do meu carro e começa a uivar de forma inquieta até ao momento em que entro em casa. Nesse momento atira-se a mim, corre desvairadamente expressando um contentamento desmedido. O mesmo acontece quando alguém chega a casa seja a minha mulher, a minha filha, os meus sogros, os meus pais ou a senhora do Circulo dos Leitores. A alegria de rever velhas amizades é sempre semelhante, e tem a mesma dimensão que a sua grande inocência.
OS AMORES CARNAIS
Até há pouco tempo, o meu cachorro desenvolvia um grande amor carnal com um pato de peluche da minha filha. Era o seu namorado.
Nestas coisas sempre foi assumidamente bissexual activo e várias vezes tentou atraiçoar o pato. Quando o estou a passear e se por acaso se encontra com outro cão ou cadela, começa numa grande brincadeira, mas sempre a pensar em sexo. Se por acaso o outro cachorro ou cadela se encontra em posição mais desguarnecida, é certo e sabido que sacanita se tentará aproveitar dessa situação desfavorável.
Mas o pior são aqueles uivos de desgosto quando qualquer cadela na vizinhança está com o cio. É horrível, e nessas e já pensei em dar-lhe 50 Euros para ele se ir aliviar numa prostituta canina qualquer. Pode ser mesmo uma daquelas de beira de estrada.
PELA BOCA MORRE O CÃO
Se há pecado que o meu cachorro possua, para além de cobiçar a cadela alheia, é o pecado da gula. Muito sinceramente, já me dei a pensar e não consigo explicar como é que uma coisa com 15 quilos consegue comer tanto. Mas pensais vós que é comida de cachorro? Isso ele despreza, o que ele gosta mais é de um bom queijo da serra, um excelente presunto ou paio, doce de ovos. Gostasse ele de vinho, e seria um excelente parceiro destas longas noites da vida. Pois se eu estou com um colesterol elevadíssimo, imaginem como estará o do cão.
È muito obediente, mas passa-se completamente com patê. Essa argamaça de fígado retira-lhe toda a capacidade obediência. Por um pouco de patê faz ousadias que seria incapaz de praticar noutras circunstâncias. Retirando o facto de ser um cachorro de bom gosto, a gula será o seu pecado mortal.
QUANDO FOI EXPULSO DE CASA
Uma vez, numa daquelas alturas em que faz tudo errado, resolvi pregar-lhe uma partida. Assim , depois de um rol de asneiras capaz de tirar a paciência a qualquer dono, abri a porta do apartamento e disse-lhe: “Sniky, lá para para, já!”. O animal apercebeu-se que estava a ser expulso de casa, olhou para mim com o ar mais triste do mundo, meteu o rabo entre as pernas, e tentou dirigir-se à sua cama. Insisti, e com esse mesmo ar triste olhou para mim como quem diz “Ó pá, este também é o meu lar, não expulses de minha casa que eu a partir de agora vou-me portar sempre bem”. Nesse momento, arrependi-me da partida que lhe tinha feito, fiz-lhe uma festa e ele voltou à alegria.
AS COISAS ESTRANHAS DO MEU CÃO
Pode parecer estranho, mas o meu cão uiva com grande infelicidade quando uma camioneta da Family Frost começa a apitar aquela música horrível junto à porta do apartamento. Nunca entendi este desprezo pela iniciativa provada.
Outra coisa que eu gosto nele, é o facto de “cagar” apenas em locais com ervas. Na sua condição de bissexual gosta de “obrar” com umas ervas a fazerem-lhe cócegas no ânus. Isso dá imenso jeito, principalmente a quem como eu, detesta ver dejectos caninos nos passeios.
AS HABILIDADES
Um amigo, comentava há uns dias que o cão dele era muito habilidoso, vai buscar o telemóvel quando está a tocar, traz os chinelos quando lhe pedem, etc. Nesse aspecto o meu cão é completamente inútil. Apenas obedece ás ordens de “sentado”, “Quieto” e pouco mais. Dá a pata a pedido quando lhe convém, ou seja, antes de ir à rua e quando acha que com a habilidade, vai ter direito a um petisco.
Gabriel Garcia Marquez, no seu livro “12 Contos Peregrinos” contava uma história de imensa solidão. Uma idosa sozinha e sem ninguém na família viva com um cão. Todos os dias, ambos iam apanhar flores, e de seguida ela colocava as flores na boca do cão, que as agarrava suavemente, e dirigiam-se a determinada campa de um cemitério. A campa era o seu futuro local de repouso eterno, e a idosa apenas estava a ensinar o cão, para quando ela morresse, houvesse todos os dias flores junto ao seu corpo.
Não. Pelas probabilidades da vida, o meu cachorro vai provavelmente vai morrer antes de mim, e vou ter saudades dele, afinal já faz parte da família.
CONCLUSÃO
Um cão é um cão, uma pessoa é uma pessoa, e não há que misturar as coisas. Não sou daqueles que dizem “quanto mais conheço as pessoas, mais gosto do meu cão”. O autor desta frase, de certeza que andava em companhias erradas. Por mais afectos que se tenha a um cão, acho estranho que a relação de afectividade de um dono para com um cão ultrapasse todas as noções básicas e de bom senso.
Antes de ser dono de um cachorro, a realidade e amizade canina era uma coisa que passava completamente ao lado. No entanto, este Sniky faz hoje em dia parte do meu dia a dia.
Frases que estão muito mais à frente que o Acordo Ortográfico
"Temos é que estar preocupados com nós"
Deco, jogador de futebol
Deco, jogador de futebol
Frases que mudaram a forma de ver o mundo
"Temos que respeitar quem gosta de soprar"
Cristiano Ronaldo referindo-se aos tocadores de vuvuzelas nos estádios de futebol
Cristiano Ronaldo referindo-se aos tocadores de vuvuzelas nos estádios de futebol
Pensamento
Por hora, morrem em Portugal 12 pessoas, são abatidas 51 vacas, 676 porcos e 23.640 frangos. Tudo isto numa hora.
Fonte: INE
Fonte: INE
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